Calorias e Carboidratos

Nutricionista Christine Melcarne. Atendimento no Rio de Janeiro, em Consultórios em Botafogo e na Barra da Tijuca

Calorias e Carboidratos

maio 30, 2018 Calorias Carboidratos Dieta de Restrição Calórica Dieta Low Carb Dieta Páleo Dieta Paleolítica Glicogênio Glicose Gorduras Proteínas 0
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Calorias (Kcal) são uma unidade de medida de energia que não pertence ao Sistema Internacional de Unidades. Quando usamos caloria para nos referirmos ao valor energético dos alimentos, na verdade queremos dizer a quantidade de energia necessária para elevar a temperatura de 1 quilograma (equivalente a 1 litro) de água de 14,5 °C para 15,5 °C [1] Ou seja, quando nos referimos às calorias de um alimento, estamos falando da quantidade de energia que este alimento é capaz de nos fornecer, e todos os alimentos a possuem , os carboidratos e proteínas por exemplo possuem 4 kcal /g, o álcool  7 kcal /g e as gordura 9 kcal /g.
De posse dessa informação, o que você acha que engorda mais? 300 kcal de de um pão ou 300 kcal de bacon?
Lembre-se, ambos possuem a mesma quantidade de calorias, a priori nosso organismo deveria responder da mesma forma para os dois alimentos já que fornecem as mesmas quantidades de energia, porém o efeito metabólico e hormonal desses alimentos é muito diferente e nosso organismo responde de forma diversa para cada um deles. 
 
Nosso corpo é muito mais complexo do que pensamos.
 

Por muitos anos acreditamos que para engordar bastava comer além das nossas necessidades energéticas, era um conta matemática onde para manter o peso, calorias ingeridas deveriam ser igual a energia gasta.
Felizmente essa idéia tem sido questionada, e o que se descobriu é que focar exclusivamente em calorias é um grande erro, tanto do ponto de vista fisiológico quanto do ponto de vista psicológico, uma vez que cria sentimentos de culpa e dificuldade para perder peso.

Carboidratos
Quase tudo o que comemos pode ser transformado em glicose pelo nosso corpo e usado como fonte de energia para manter o funcionamento de nossas células e órgãos. No entanto, os carboidratos são os nutrientes que mais afetam o açúcar no sangue: com exceção das fibras, quase 100% dos carboidratos são convertidos em glicose em 2 horas!
Uma vez que o carboidrato que comemos é digerido e convertido em glicose, o pâncreas é estimulado a produzir insulina, um hormônio responsável por remover glicose da corrente sanguínea  e colocar essa glicose dentro das células para ser usado como energia.
A glicose é armazenada nas células principalmente pelo fígado e pelos músculos na forma de glicogênio, e esse glicogênio fornece energia ao corpo por um período de 12 a 24 horas. No entanto, quando as quantidades de glicose são altas e excedem a capacidade de armazenamento de glicogênio nas células,  a glicose extra é convertida em triglicerídeos no fígado e armazenada em células de gordura para uso futuro. 
Concluindo, se fornecermos mais glicose ao nosso corpo do que ele pode usar, o resultado é que aumentaremos cada vez mais essa reserva de gordura em nossas células adiposas, e enquanto houver quantidades excessivas de glicose no nosso corpo e altos níveis de insulina, nosso organismo não usará gordura armazenada como energia.
 
Gorduras 
Vários estudos clínicos importantes demonstraram que uma dieta com mais gordura e menos carboidratos é considerada mais eficaz para perda de peso e redução do risco cardiovascular do que uma dieta com baixo teor de gordura. [2,3,4] Além de transportar vitaminas, proteger órgãos e fornecer isolamento térmico do corpo, gorduras e carboidratos são as principais fontes de energia em nosso corpo. No entanto, ao contrário dos carboidratos, as gorduras não estimulam a produção de insulina e desempenham um papel importante na produção da sensação de saciedade.
 Proteínas
As proteínas, por outro lado, são utilizadas na construção e reparação de tecidos corporais, e estão presentes em hormônios e enzimas que atuam na regulação de processos metabólicos e fisiológicos. Eles podem ser usados ​​para produção de energia, mas o corpo não os utiliza como primeira opção, pois o processo de transformar proteínas em energia é muito caro para o corpo.
 
A lei da sobrevivência
Nosso corpo é uma máquina perfeita com um único objetivo; a de sobreviver. Nossos antepassados não tinham alimentos disponíveis no armário da cozinha ou na geladeira como temos hoje. Por mais de 99% do tempo da nossa existência fomos caçadores e coletores, e é  por isso que ainda possuimos mecanismos biológicos de defesa contra perda de peso e somos tão eficiente para armazenar energia. 
É por isso que quando fazemos uma dieta de emagrecimento onde reduzimos muito a quantidade de energia (calorias), nosso corpo se mobiliza para ter novamente o consumo habitual. Diferentes hormônios e enzimas começam a agir para combater a redução de peso, o corpo reduz a atividade metabólica e, consequentemente, a energia armazenada não é utilizada. O resultado de tudo isso? O corpo desacelera e não perdemos peso.

 

O problema é a quantidade excessiva de carboidratos na nossa dieta
Numa dieta onde se evita açucares e farináceos, podemos dizer que “enganamos” nosso corpo porque o consumo de carboidratos diminui. Como resultado, também diminuímos a ação da insulina, o hormônio que, em altas doses, evita que o corpo queime o excesso de gordura e perca peso. No entanto, ao contrário da dieta hipocalórica, não sentimos fome porque as fibras vegetais e as boas gordurosas nos fazem sentir saciados.
 
Não há dúvida de que a obesidade está relacionada ao diabetes, hipertensão arterial e doença cardiovascular e cancêr. Sabemos também que estas doenças modernas são consequência da nossa dieta e estilo de vida atual. Reduzir açucares e farinhas da dieta é uma excelente estratégia para a perda de peso que ocorre naturalmente sem a necessidade de passar fome. Nosso corpo não conta calorias, mas reconhece nutrientes e responde de forma diferente para cada um deles. Esse forma de alimentar-se permitiu que nossos ancestrais evoluíssem por milhões de anos sem conhecer a obesidade. Vamos pensar sobre isso?

 

Nutricionista Christine Melcarne
CRN 11100403