Criança pode ou não ser vegetariana?
Essa é uma questão muito delicada, pois os estudos são contraditórios quanto às repercussões da dieta vegetariana sobre a saúde. Principalmente se tratando de uma criança. Ao mesmo tempo em que estes estudos ressaltam vários pontos positivos, também apontam muitos prejuízos.
A criança está em constante processo de crescimento, consequentemente se encontra em uma fase maior vulnerabilidade biológica. A saúde, na idade pré-escolar e escolar, se refletirá na adolescência e em toda a vida adulta desta criança. A retirada da proteína animal do cardápio, se não for bem trabalhada, pode ser uma situação perigosa.
Quando a dieta é ovo-lacto-vegetariana, o risco de deficiências nutricionais praticamente se restringe ao ferro, uma vez que os nutrientes disponíveis nas carnes estão presentes nos ovos e laticínios. Mas independente ou não de se ter uma dieta vegetariana, toda a criança precisa de uma alimentação rica e variada, e isto significa ter uma dieta que contemple todos os nutrientes necessários para que se desenvolva de uma forma saudável.
Alguns nutrientes que devem ser observados em dietas vegetarianas:
Calorias:
A dieta de uma criança vegetariana deve ter quantidades de calorias necessárias à sua faixa etária.
Gorduras:
A gordura da dieta deve ser suficiente para permitir o crescimento e desenvolvimento normal e, ao mesmo tempo, reduzir o risco de doenças ateroscleróticas. A recomendação é que 30% da quantidade total de energia da dieta seja em gordura.
Proteínas:
A carência de proteínas leva a prejuízos permanentes e afeta o crescimento e o desenvolvimento cognitivo da criança como, por exemplo, baixa estatura e baixa escolaridade. Feijões, lentilhas, soja e grão de bico são excelentes fontes de proteína e devem estar presentes todos os dias nas refeições principais.
A carência de proteínas leva a prejuízos permanentes e afeta o crescimento e o desenvolvimento cognitivo da criança como, por exemplo, baixa estatura e baixa escolaridade. Feijões, lentilhas, soja e grão de bico são excelentes fontes de proteína e devem estar presentes todos os dias nas refeições principais.
Cálcio: O cálcio é um mineral fundamental para constituição óssea, coagulação do sangue, contração muscular e vários outros processos metabólicos. Brócolis, couve, espinafre, leite de soja suplementado, gergelim, amêndoas e feijão branco são boa fonte desse mineral.
Ferro: O ferro presente nos vegetais é o ferro menos biodisponível, sua absorção é prejudicada com a presença de alimentos fontes de cálcio, chás, cacau, café, etc. No entanto, ele é bem absorvido quando está associado à vitamina C. O ideal é oferecer uma fruta ou suco fonte dessa vitamina junto às refeições principais.
Zinco:
Alguns estudos apontam que apesar de menor ingestão e biodisponibilidade, vegetarianos parecem desenvolver adaptações para absorver melhor vitaminas e minerais. Os grãos integrais são boa fonte de zinco e vitaminas.
Alguns estudos apontam que apesar de menor ingestão e biodisponibilidade, vegetarianos parecem desenvolver adaptações para absorver melhor vitaminas e minerais. Os grãos integrais são boa fonte de zinco e vitaminas.
Vitamina B12:
Presente em alimentos de origem animal, a vitamina B12 é essencial para síntese novas células e manutenção do sistema nervoso. Sua deficiência pode levar a anemia megaloblástica e distúrbios do sistema nervoso. Bebês amamentados por mães veganas não suplementadas são carentes desta vitamina, e apresentam parada no crescimento e desenvolvimento, letargia e incapacidade de sentar ou mover a cabeça.
Ômega 3:
Importante para a saúde cardiovascular, função visual e neurodesenvolvimento, esse ácido graxo deve ser oferecido através de algas marinhas, semente de linhaça, nozes, chia, soja e óleo de canola.
Não estou afirmando que o vegetarianismo restritivo ou vegano (isento de carne, ovos e laticínios), não seja viável. Todos nós sabemos que o alto consumo de verduras, legumes e frutas nos oferecem proteção à saúde ao se considerar que estes alimentos possuem maiores níveis de fibras, magnésio, boro, folato, vitamina C, E e antioxidantes. Mas é fundamental que haja um planejamento nutricional adequado para cada faixa etária da criança, e que se supram todos os nutrientes que facilmente ofereceríamos a uma criança com dieta sem restrição.
Procure um nutricionista para orientar melhor a alimentação de sua criança.
Fonte:
Meirelles, C.M.; Veiga, G.V.; Soares, E.A. Implicações nutricionais das dietas vegetarianas. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.=J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP. v. 21, p. 57-72, jun., 2001.
Velasco, X.E.C- Estado nutricional e consumo alimentar de crianças e adolescentes vegetarianos, 2011
Popper G Considerações sobre alimentação complementar com foco em crianças vegetarianas e veganas a partir de uma visão da Nutrição Funcional, 2008
A presente orientação não dispensa o atendimento presencial com um nutricionista.