Hipercolesterolemia familar. Você já ouviu falar?

Nutricionista Christine Melcarne. Atendimento no Rio de Janeiro, em Consultórios em Botafogo e na Barra da Tijuca

Hipercolesterolemia familar. Você já ouviu falar?

outubro 2, 2012 Alimentação Saudável Saúde e Comportamento Saúde na mídia 0

Você conhece alguém magrinho, que se alimenta de forma bem saudável e mesmo assim tem seu LDL colesterol nas alturas? Conhece?  Eu também! É mais comum do que pensamos!
Reconhecida pela Organização Mundial de Saúde como um problema de âmbito mundial, a hipercolesterolemia familiar é uma doença genética e que têm como principal caracteristica níveis muito elevados do colesterol LDL.
Consideramos um colesterol saudável, quando existe um equilíbrio entre a sua produção no fígado, absorção intestinal e excreção.  Quando há um desequilíbrio desta equação como acontece na hipercolesterolemia familiar, o colesterol acumula formando depósitos nos vasos e artérias. Esse acúmulo é conhecido por placas de ateroma que por sua vez são as grandes causadoras de doença arterial coronáriana.
Apesar da associação que se faz entre consumo de colesterol  e doença arterial coronariana, o colesterol alimentar exerce pouca influência no aumento do colesterol no organismo. A coisa funciona mais ou menos assim: quanto mais colesterol vindo da dieta, menos o fígado sintetiza colesterol, e ao contrário das gorduras alimentares que são absorvidas pelo intestino quase completamente, a absorção do colesterol é parcial, dependente da quantidade ingerida na alimentação.
De acordo com a I Diretriz Brasileira de Hipercolesterolemia Familiar, elaborada em agosto de 2012 pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, o que de fato pode exercer influência no aumento do colesterol são as famigeradas gorduras trans, seguidas por alguns tipos de gorduras saturadas.
As gorduras trans estão presentes principalmente nos alimentos industrializados e estão associadas ao grande aumento de doenças. 
A principal fonte de gordura trans na dieta é a vegetal hidrogenada, utilizada na produção de biscoitos, bolachas recheadas, empanados, sorvetes cremosos, tortas e alimentos comercializados em restaurantes fast-food.
Quanto às gorduras saturadas, o ácido graxo láurico, encontrada no coco e o óleo de coco é o que mais aumenta o LDL, seguido do mirístico e do palmítico . Já o esteárico, presente no chocolate, esta associado a redução no LDL.
Recomendações da Sociedade Brasileira de Cardiologia :
O consumo de colesterol alimentar deve ser < 300 mg/dia para auxiliar controle da colesterolemia.
O consumo de ácidos graxos saturados deve se < 7% do Valor Calórico Total (VCT) para controle da colesterolemia.
O alto consumo de ácido palmítico e mirístico aumenta o colesterol total e o LDL colesterol.
A adequação do consumo de ácidos graxos saturados auxilia no controle do LDL-c. 
O consumo de ácidos graxos trans eleva o colesterol total e o LDL- c e reduz o HDL-c.
O consumo de chocolate rico em cacau não está relacionado ao aumento do colesterol.
 Não se recomenda coco e óleo de coco para tratamento de hipercolesterolemia, sendo necessários estudos adicionais para orientar seu uso em demais alterações metabólicas.
O consumo de ovo ou alimentos ricos em colesterol tem pouca influência sobre níveis de lipídeos plasmáticos; no entanto, recomenda-se consumo moderado de alimentos fonte de colesterol.
O consumo diário de 2 g de fitosterol está relacionado à diminuição do LDL-c.
O alto consumo de fibra solúvel está associado à redução no LDL-c.
O consumo de proteína de soja em substituição da proteína animal está relacionado a maior controle dos níveis de lipídeos plasmáticos
Com toda essa informação, podemos concluir que embora sejam práticos e rápidos os alimentos já prontos e processados, devemos tem muita cautela ao consumí-los. Eles estão cheios de aditivos, sódio, frutose e gorduras ruins que definitivamente não deve fazer parte do nosso dia a dia. Quanto as gorduras saturadas, a palavra é moderação. Procure um nutricionista para melhor orientação.


Fonte:
Santos R.D., Gagliardi A.C.M., Xavier H.T., Casella Filho A., Araújo D.B.; Cesena F.Y., Alves R.J. et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz Brasileira de Hipercolesterolemia Familiar (HF). Arq Bras Cardiol 2012;99(2 Supl. 2):1-28

A presente orientação não dispensa o atendimento presencial com um nutricionista.